O ano letivo está terminando e gostaria que os pais de crianças e adolescentes que ficarão em recuperação ou serão reprovados na escola se perguntassem por que seus filhos não estão indo bem nos estudos. Será que eles têm alguma deficiência de inteligência? Será que estão sendo perseguidos na escola? Será que a escola é ruim? Ou será que foram mal assessorados em casa durante o ano letivo?

Dificilmente seu filho tem alguma deficiência mental. Estatisticamente, o número de reprovações por essa causa é insignificante no contexto escolar que, aliás, está preparado pelo menos para detectar o problema.

A má vontade de determinado professor é uma desculpa bastante utilizada por nossos filhos para justificar uma reprovação, mas em tempos de ECA e fiscalização de práticas pedagógicas abusivas tende a acontecer muito raramente. Um professor pode até querer reprovar um aluno por motivos pessoais, mas teria que convencer todos os seus colegas do conselho de classe, algo quase impossível.

A possibilidade de um aluno reprovar por incompetência escolar é das mais raras, pois quanto mais incompetente é a escola mais ela se esforça para aprovar o seu filho, evitando assim possíveis pedidos de explicações. Quem nunca ouviu falar da aprovação continuada? Como para muitos pais o que interessa é a aprovação, algumas escolas facilitam a aprovação para fugirem do compromisso trabalhoso de ensinar seus alunos.

Deste modo, parece que quando nossos filhos reprovam deveríamos considerar a espinhosa possibilidade de que não os estamos apoiando devidamente em casa. A verdade que poucos de nós se dispõem a discutir é que a criança com mau desempenho escolar tem problemas em casa.

Muitos pais pecam por desejar fazer certo demais. Matriculam seus filhos nas melhores e mais caras escolas e depois gastam todo tempo que têm trabalhando para pagar as mensalidades. A melhor escola da cidade não forma um bom aluno se este não tiver quem o apóie e fiscalize presencialmente em casa.

Outra razão muito comum para a reprovação de alunos é o estresse causado pelo excesso de cobrança de pais que acreditam que exigir o máximo e sempre mais fará de seus filhos vencedores. Geralmente essas crianças não têm tempo para brincar, pois vivem entre a escola, o inglês, a academia, o violão, o balé, as aulas particulares e a qualquer outra coisa que pareça útil ao seu futuro. As vezes esquecemos que é brincando que desenvolvem a criatividade.

Finalmente, as crianças também reprovam porque nosso casamento vai mal. Às vezes nem sabemos disso, de tão acostumados que estamos com nossas brigas domésticas. Mas nossos filhos, por mais que cresçam, nunca se acostumam com a guerra fria de seus pais. Tem criança que simplesmente não consegue prestar atenção na escola de tanta preocupação com a família.

Então neste final de ano não tenhamos medo de medir nossas relações familiares a partir do boletim de nossos filhos e, se necessário, façamos a promessa de mudar o que for preciso para que eles obtenham melhor resultado na escola no ano que vem.


Dr. Claudemir Casarin

Psicólogo-socionomista